"Seja a mudança que você quer ver no mundo." - Mahatma Ghandi

A idéia deste blog surgiu a partir do contato com a realidade comum de diversos públicos: empresas, universidades, comunidades, etc. Depois de muito ouvir conceitos equivocados sobre o tema sustentabilidade, resolvi fazer a minha parte!

Bem-vindo! Fique à vontade para questionar, contribuir, transformar!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fim do Mundo X Sustentabilidade


Muito tem se falado sobre o fim do mundo em 2012... eu sinceramente espero que isto seja verdade...Hum, você deve agora estar se perguntando: como uma pessoa que se propõe a escrever sobre “sustentabilidade” quer o fim do mundo?
Calma, vou explicar melhor...o que espero é o fim deste mundo...de planeta doente e de pessoas infelizes. E que a solução pode ser muito mais simples e feliz do que poderíamos imaginar.

Culturas ancestrais, como os maias, não acreditavam em tempo linear de início e fim absoluto, como a nossa cultura ocidental. Para estes povos o tempo é concebido em forma espiral, de evolução permanente, então o fim de um ciclo não significa o fim do mundo em sentido literal, mas apenas o fim de uma era para outra melhor, mais evoluída.
Então, proponho um caminho novo...mais feliz...mais sustentável para todos...pessoas e planeta.

Que as pessoas no mundo tenham mais amor, consciência, compaixão, comunhão... somos todos um, independentemente de nacionalidade, origem, crenças...
Que desapareçam as fronteiras entre países, corações, esperanças, humanidades...

Que as empresas sigam propósitos de amor maior, responsabilidade, honestidade, sustentabilidade planetária...
Que a sociedade de maximizar lucros seja substituída pela sociedade de maximizar amor...que é na verdade o nosso bem mais precioso...

Que a guerra não seja mais uma desculpa para a paz...que a paz seja o nosso constante respirar...
Que juntos evoluamos... como pessoas, sociedade, planeta...

Que o amor maior, a paz universal e a felicidade compartilhada sejam os nossos caminhos!

sábado, 9 de junho de 2012

Teoria do Desenvolvimento Construtivo

Olá! Hoje veremos uma teoria muito interessante sobre o desenvolvimento da consciência. Esta é uma das teorias que vou usar na minha pesquisa de doutorado para desenvolvimento de lideranças conscientes para a sustentabilidade.

Pesquisadores no passado pensavam que só as crianças poderiam desenvolver a mente, então Robert Kegan (cientista da Universidade de Harvard) desenvolveu uma teoria para o desenvolvimento adulto que define cinco estágios de complexidade mental ou "ordens de consciência".
Para entender melhor essa teoria, primeiro vamos ver o conceito de relação sujeito-objeto. Nas palavras de Kegan:
A relação sujeito-objeto é uma distinção fundamental na maneira que nós fazemos sentido de nossa experiência - uma distinção que molda o nosso pensamento, nosso sentimento, nosso relacionamento social, e os nossos modos de se relacionar com aspectos internos de nós mesmos. A relação sujeito-objeto não é apenas uma abstração, mas algo vivo. O que quero dizer como "objeto" são os aspectos da nossa experiência, que são aparentes para nós e que podem ser olhado para, relacionado com, refletido sobre, engajado, controlado, e ligado a outra coisa. Podemos ser objetivo sobre essas coisas, no que não vê-las como "eu". Mas com outros aspectos da nossa experiência, estamos tão identificados com, incorporados em, fundidos com, que acabamos por experimentá-los como sendo a nós mesmos. Isto é o que nós experimentamos subjetivamente- o "sujeito", metade da relação sujeito-objeto.
Em resumo, sujeito é o "eu" e objeto é o "não eu". Por exemplo, em um bebê não existe uma distinção sujeito-objeto, assim não há uma distinção entre a fonte do desconforto causado pela luz brilhante ou pela fome na barriga. Não há distinção entre o “eu” e o “não eu”.
A teoria de Kegan descreve cinco estágios de desenvolvimento ou ordens de consciência:
A Mente Impulsiva (1 ª ordem de consciência): o primeiro estágio é o que caracteriza principalmente o comportamento das crianças, que são incapazes de distinguir os objetos das pessoas presentes no ambiente. Este é o nível básico de desenvolvimento. A pessoa e o ambiente estão unidos.
A Mente Instrumental (2 ª ordem de consciência): Os indivíduos nesta fase (geralmente até a adolescência) são auto-centrados e veem os outros como facilitadores ou obstáculos para a realização de seus próprios desejos. Nesta fase, a pessoa tem apenas uma perspectiva, a sua própria.
A Mente socializada (3 ª ordem de consciência): a este nível de consciência, a identidade da pessoa é vinculada a viver em relação com os outros, em papéis determinados por sua cultura local. Tal pessoa está sujeita às opiniões dos outros e é, portanto, fortemente influenciada pelo que acredita que os outros querem ouvir. Tal postura tende a ser dependente da autoridade para o direcionamento e menos propensa a questionamentos, sendo um seguidor leal. Cerca de 58% da população adulta está até esse nível de consciência.
A Mente de Autoria Própria (4 ª ordem de consciência): é capaz de dar um passo atrás de seu ambiente e mantê-lo como objeto, olhando a sua cultura de forma crítica. A mente de autoria própria é capaz de distinguir as opiniões dos outros de suas próprias opiniões para formular sua própria base de julgamento. O resultado é uma "autoria própria" de sua identidade, que é independente do seu ambiente. Guiado por sua própria bússola interna, essa pessoa torna-se então sujeito à sua própria ideologia. Esses indivíduos tendem a ser auto dirigidos, pensadores independentes.
A Mente Auto-Transformadora (5 ª ordem de consciência): é o maior nível de consciência no modelo de Kegan. Deste ponto de vista, a pessoa é capaz de considerar as múltiplas ideologias simultaneamente e compará-las, sendo cauteloso com qualquer uma. Esta perspectiva múltipla é capaz de suportar as contradições entre os sistemas de crenças concorrentes e, portanto, sujeita à dialética entre sistemas de pensamento. Menos de 1% da população adulta se encontra neste nível de desenvolvimento.
De acordo com Kegan, o estado final desta história - deste processo de mudança gradual, mas qualitativamente mudando mais e mais o que era sujeito para objeto - seria um estado em que a distinção sujeito-objeto chega ao fim mais uma vez, na direção oposta do que nos primeiros minutos de vida. Há duas maneiras diferentes que você pode sair da divisão sujeito-objeto. Uma forma é ser inteiramente sujeito sem nenhum objeto, que é um bebê. E a outra maneira é através do esvaziamento completo do sujeito para o objeto, de modo que não é, em certo sentido, nenhum sujeito, isto é, você não está olhando para fora no mundo a partir de qualquer ponto de vista que é separado dele. Você está em seguida, tomando a perspectiva do mundo todo.

De forma poética:
“A única real viagem da descoberta consiste não em ver novas paisagens, mas em ter novos olhos, de ver o universo com os olhos do outro, de centenas de outros, em ver as centenas de universos que cada um deles vê” - Marcel Proust.


Para mais sobre o trabalho de Robert Kegan:

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Mensagem de Esperança


Olá! Um novo ano se inicia e com ele também a esperança de uma vida, de um mundo melhor...

Mas como manter esta esperança frente aos crescentes problemas mundiais de todo o tipo? Será que esta esperança não é uma inocência perante o caos mundial?

Hum, vamos ver o que as novas descobertas da ciência têm a nos dizer sobre isso (baseado no livro “Liderança e a Nova Ciência” de Margaret Wheatley):

- Novos modelos de entender a mudança e a desordem surgiram da teoria do caos. Define-se um sistema como caótico quando se torna impossível saber o que ele fará no momento seguinte. O sistema nunca se comporta da mesma maneira duas vezes. Porém, como demonstra a teoria do caos, se observarmos um sistema caótico ao longo do tempo, ele demonstra um estado de ordem inerente, suas ações incontroláveis se mantêm no âmbito de uma fronteira invisível. O sistema contém ordem em seu próprio interior. E revela esse auto-retrato como um belo padrão, seu atrator estranho (ver figura abaixo). Portanto, existe em todo o universo ordem na desordem e desordem na ordem. Sempre pensamos que a desordem fosse a ausência do estado de ordem, vista na própria construção da palavra: des-ordem. Mas o que acontece é uma dança – do caos e da ordem, da mudança e da estabilidade. Assim, estamos diante de complementaridades que apenas dão a impressão de serem polaridades. Nenhum deles tem a primazia; um e outro são absolutamente necessários. Quando observamos o crescimento, observamos o resultado da dança.


   Figura de um atrator estranho caótico (Instituto Max Planck, Dortmond, Alemanha)



- Na química, Ilya Prigogine recebeu o prêmio Nobel de 1977 por seu trabalho que demonstrava como certos sistemas químicos se reorganizam numa ordem de nível mais elevado quando se vêem diante de mudanças no ambiente. Prigogine criou a expressão “estruturas dissipativas” para descrever a natureza contraditória desses sistemas descobertos. A dissipação descreve uma perda, um processo de escoamento gradual de energia, ao passo que a estrutura descreve a ordem corporificada. Numa estrutura dissipativa, qualquer coisa que perturbe o sistema tem o papel crucial de ajudá-lo a se auto-organizar numa nova forma.  Sempre que o ambiente oferece informações novas e diferentes, o sistema escolhe se reage a ela ou não; se a informação se transformar num distúrbio de tal magnitude que o sistema já não possa ignorá-la, há por certo uma mudança real no horizonte. Nesse momento, com tantas perturbações internas e longe do equilíbrio, o sistema se desintegra; mas esta desintegração não significa a sua morte. Se puder manter a própria identidade, um sistema vivo pode reconfigurar-se num nível superior de complexidade, numa nova forma de si mesmo que consegue lidar melhor com o presente. Dessa forma, as estruturas dissipativas demonstram que a desordem pode ser a fonte de nova ordem, e que o crescimento surge do desequilíbrio, e não do equilíbrio!

Então, alguns dos insights que estas descobertas da ciência nos trazem são os seguintes:

- A vida busca a ordem, mas usa a desordem para chegar lá. O que acontece é uma dança – do caos e da ordem, da mudança e da estabilidade.

 - O caos e a mudança são caminhos para a transformação. O crescimento surge do desequilíbrio, e não do equilíbrio.

Assim, o caos instalado em várias dimensões da sociedade (economia, meio ambiente, política, organizações,...) significa que precisamos repensar todas estas questões e evoluirmos como sociedade e como seres humanos!


Que 2012 seja um ano de profundas transformações, de evolução, de amor no sentido maior.