"Seja a mudança que você quer ver no mundo." - Mahatma Ghandi

A idéia deste blog surgiu a partir do contato com a realidade comum de diversos públicos: empresas, universidades, comunidades, etc. Depois de muito ouvir conceitos equivocados sobre o tema sustentabilidade, resolvi fazer a minha parte!

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sustentabilidade na Prática Industrial - Caso Interface

Olá! Vimos nas postagens anteriores algumas ferramentas para a sustentabilidade e até um estudo cientifico que ganhou o prêmio Nobel. Hoje vamos falar sobre a sustentabilidade na prática industrial em um caso bem interessante, o da empresa Interface.

A Interface é uma empresa americana de carpetes, que tem sido considerada exemplo mundial de sustentabilidade. O dono, Ray Anderson, desde que leu o livro de Paul Hawken “A Ecologia do Comércio” em 1994, resolveu desafiar os seus colaboradores a liderarem a empresa e o mundo industrial para a sustentabilidade.


Assim, desde esta época ele lançou um objetivo audacioso para a Interface: “Não tirar nada da terra que não possa ser substituído por ela.” E estudando a equação de impacto ambiental de Paul e Anne Erhlich, chegou a algumas idéias iniciais para este grande desafio.

I = PxAxT
Onde,
I = Impacto ambiental
P= Tamanho da população
A= Média do consumo individual, medido pelo PIB per capita
T = Tecnologia empregada e seu impacto em termos de emissões de gases do efeito estufa

Segundo Ray Anderson esta equação representaria as características da primeira revolução industrial, ou seja:
- Extrativista: extração de matéria-prima da terra
- Linear: extrair-fabricar-desperdiçar
- Alimentada por energia derivada de combustível fóssil
- Desperdiçadora, abusiva e focada na produtividade da mão-de-obra

Então revisou a equação de Paul e Anne Erhlich para:
I = (PxA)/T2
Onde,
T2 = Tecnologia do futuro

Esta equação representaria a nova revolução industrial:
De extrativista para renovável
- De linear para cíclica (logística reversa e tecnologia de reciclagem pós-consumo)
- De energia de combustível fóssil para energia renovável
- De desperdiçadora para sem desperdício, benigna e focada na produtividade dos recursos

Desde então, a Interface conseguiu:
=> Redução de emissão de gases do efeito estufa em 82%
=> Redução no consumo de combustíveis fósseis em 60%
=> Redução de resíduos em 66%
=> Inventar e patentear novas máquinas, materiais e processos de manufatura

Ok, você pode estar pensando que isto tudo é muito bonito, mas que o objetivo de uma empresa é ter lucro, não!? E eu respondo: quem foi que disse o contrário? Adivinhe então o que aconteceu com a Interface neste mesmo período? Veja só:

=> Aumento de 66% nas vendas
=> Aumento de 100% nos lucros!

Quem disse que é necessário escolher entre sustentabilidade e lucratividade? Por que não escolher ambos?

Ray Anderson propõe ainda outra equação para a nova civilização:
I = (PxA) / (T2 x H)
Onde,
H = felicidade (mais felicidade com menos recursos materiais)

Uau, quanta mudança de paradigma! Beeemmm interessante não!?

Segue a seguir vídeo com uma entrevista com Ray Anderson. Para legendas em português clique em “View Subtitles” e escolha “Portuguese (Brazil)”.
Bom vídeo e até breve!




segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Cooperação como a chave do sucesso - Prêmio Nobel Economia

Olá! Hoje vamos falar de um assunto que foi tema do prêmio Nobel de economia deste ano. Calma aí, não se preocupe, não é nada complicado...quem disse que as coisas importantes devem ser difíceis?

O assunto é “Cooperação como a chave do sucesso”, resultado de um extenso trabalho de campo da cientista Elinor Ostrom, que foi a primeira mulher a ganhar o prêmio Nobel de Economia.

Ela contesta a teoria da “Tragédia do bem-comum”, na qual o ser humano estaria fadado ao conflito devido à escassez de recursos. Por exemplo, em um lago com poucos peixes de uma comunidade, as pessoas tenderiam a pescar o máximo possível para se garantirem, sem pensarem nas necessidades dos outros moradores e no ecossistema como um todo. Assim, como resultado em pouco tempo o lago não teria mais peixes.

Segundo esta teoria dos comuns, as pessoas pegariam tanto quando pudessem, e elas seriam incapazes de conversar pessoalmente e resolver a situação, porque não haveria terceiros (governo, por exemplo) para fazer cumprir a decisão.

No entanto, o que Elinor Ostrom descobriu em pesquisas de campo foi que quando as pessoas podiam (e queriam!) conversar e conquistar a confiança uma das outras, atingindo a cooperação, elas prosperavam mutuamente! Interessante não!?

Ela buscou vários exemplos e analisou pequenas sociedades, que em vez de competirem entre si pelos mesmos recursos naturais até a extinção, aprenderam a cooperar para sobreviver. Seu trabalho demonstra que, em muitos casos, sociedades são capazes de prosperar criando alternativas para resolver conflitos de interesse, respeitando o semelhante e garantindo sustentabilidade, sem necessariamente depender de governos e outras autoridades.

Entretanto, Elinor Ostrom adverte que isso não significa que as pessoas sempre resolverão os conflitos, mas a teoria dizia que elas nunca resolveriam, e ela conseguiu demonstrar que frequentemente as pessoas conseguem. Segundo ela, em vários casos pessoas se saem melhor que governo ou órgãos privados, porém nem sempre. Ela destaca que não existe um padrão único para chegar a uma solução, que as pessoas precisam aprender a lidar com a variedade de problemas que enfrentam.

Mas, as dicas dela referentes à comunicação entre as pessoas e a confiança mútua como fatores de sucesso para a cooperação já representam um excelente ponto de partida, não!?

Veja a seguir entrevista com Elinor Ostrom (legendas em português):




Para mais informações sobre este assunto:
http://nobelprize.org/nobel_prizes/economics/laureates/2009/ostrom.html